A obesidade é encarada como um problema de saúde no Brasil. Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde coletados em 2019, uma em cada 4 pessoas maiores de 18 anos é obesa. Esse número é equivalente a 41 milhões de brasileiros, enquanto o sobrepeso corresponde a 96 milhões de pessoas no país. Nesses casos, quando avaliados individualmente por um médico especializado, é possível reverter o quadro a partir da cirurgia bariátrica.
O método, no entanto, não é indicado em qualquer caso. Sendo assim, só porque você está com alguns “quilinhos a mais”, não significa que está apto para passar por uma cirurgia bariátrica. Ela também não é recomendada como forma de perda de peso rápida, já que envolve riscos de complicações e um pós-operatório que exige uma série de cuidados.
Porém, a cirurgia bariátrica pode ser uma opção para frear a apneia do sono, que costuma acometer mais os indivíduos que lidam com o sobrepeso ou a obesidade. Para entender mais sobre isso, a CPAPS separou tudo o que você precisa saber a respeito do assunto (e, se for o seu caso, o que é necessário fazer para garantir sucesso no tratamento).
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O que é a cirurgia bariátrica
Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), esse tipo de procedimento, popularmente conhecido como “redução de estômago”, é destinado para o tratamento da obesidade mórbida ou obesidade grave.
Além disso, a cirurgia bariátrica é um amparo para tratamento de outras doenças associadas ao excesso de gordura corporal ou agravadas por esse motivo. Alguns exemplos são a hipertensão, a diabetes, dentre outros transtornos endocrinológicos.
A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), por sua vez, explica que a obesidade é diagnosticada por meio do cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC). Para essa pequena fórmula, são levados em consideração o peso (Kg) dividido pela altura (metros) elevada ao quadrado.
Para conseguir definir os níveis de sobrepeso e obesidade, a Organização Mundial da Saúde (OMS) criou um parâmetro que é seguido de forma universal. Sendo assim, quando o resultado fica entre 18,5 e 24,9 kg/m², o peso é considerado dentro da normalidade. Já entre 25 e 29,9kg/m², entra na categoria de sobrepeso. Acima disso, a pessoa passa a ser considerada obesa.
No Brasil, a cirurgia bariátrica pode ser realizada em pessoas com idades entre 16 e 59 anos. Dessa forma, o paciente precisa preencher alguns requisitos. São eles:
- IMC igual ou superior a 50kg/m²;
- IMC igual ou superior a 40kg/m², quando o paciente não consegue perder peso ainda que tenha acompanhamento médico e nutricional nos últimos 2 anos; e
- IMC igual ou superior a 35kg/m², cujo paciente apresenta doenças cardiovasculares graves, como hipertensão, ou diabetes descontrolada e colesterol alto (como a síndrome metabólica).
Causas da obesidade
Em geral, a obesidade está muito atrelada com a alimentação desregulada ou excessiva. Como sempre citamos no blog da CPAPS, o ideal é que sempre busquemos maneiras equilibradas de consumir carboidratos, frituras, dentre outras guloseimas que tanto amamos, como doces e chocolates.
O Hospital Israelita Albert Einstein alerta que, quando há abundância de alimentos e baixa atividade energética, existe o acúmulo de gordura. Isso significa que, para que possamos “gastar” toda a energia que consumimos por meio dos alimentos, o ideal é que estejamos, também, em constante atividade física.
Os exercícios e a luta contra o sedentarismo são as formas mais eficazes de evitar a obesidade por essa causa. Mas não esqueça que, assim como a alimentação, os exercícios também devem ser feitos com disciplina e não deliberadamente, para não haver o risco de contusões e outros problemas. Busque sempre um especialista para te orientar, tanto para garantir sua nutrição, quanto o bem-estar físico. Explicamos mais sobre isso nesse artigo aqui!
No entanto, o sedentarismo não é a única causa para a obesidade. Fatores genéticos (como a predisposição no ganho de peso, herdado de família), transtornos hormonais (como o hipotireoidismo) e até emocionais (como ansiedade e depressão) podem desencadear o aumento da massa corpórea.
+ Existem cirurgias para apneia do sono?
Por isso, antes de cogitar qualquer dieta ou mudança na rotina, realize um check-up para avaliar suas necessidades. Com isso, você ganhará mais qualidade de vida e poderá descobrir a causa exata para um aumento de peso repentino, ou maior apetite, por exemplo, tratando o problema da forma correta!
Qual a relação entre obesidade e apneia do sono?
Como você leu até aqui, já deve ter entendido que a obesidade pode causar diferentes problemas de saúde. E, algo que está muito relacionado com isso é a apneia do sono, um dos distúrbios do sono mais comuns em pessoas que estão fora do peso normal.
A apneia é caracterizada por paradas respiratórias durante o sono, quando a passagem de ar fica bloqueada e causa asfixias que duram de 10 a 40 segundos. Com o ar comprimido nas vias respiratórias, a pessoa que lida com a apneia do sono emite o som do ronco, um dos principais sintomas do distúrbio. Em alguns casos, esses episódios podem levar a pessoa à morte, conforme já explicamos nesse conteúdo.

De maneira resumida, a obesidade é uma causa para a apneia (já que as paredes da garganta e a língua possuem mais acúmulo de gordura, comprimindo as vias). Mas, ao mesmo tempo, a apneia também pode ser uma causa para a obesidade, já que, por roncar (e, consequentemente, ter uma má qualidade do sono ao dormir por conta disso), a pessoa precisa repor as energias não adquiridas durante o repouso. A forma mais fácil de fazer isso é por meio da alimentação, um dos meios mais comuns de se obter energia. Ou seja, é um sistema retroalimentado.
É por esse motivo que, inclusive, tendemos a nos alimentar de comidas mais calóricas quando estamos mais cansados, ou, por exemplo, quando estamos no inverno. É uma maneira que o organismo encontra de obter energia sem muito esforço, e guardar essa energia para não precisar dormir em um horário inadequado.
Quem tem apneia pode fazer cirurgia bariátrica?
Por ser uma forma de tratar os dois problemas de uma só vez, quem tem apneia do sono pode passar pelo procedimento. Isto é, claro, se todas as outras alternativas (como a perda de peso natural e mudança de hábitos, citados anteriormente) não surtirem efeito.
Somente o médico poderá indicar se o paciente pode ou não se submeter à cirurgia. Para isso, são realizados exames, como medição da pressão, dos níveis hormonais, da massa corporal do paciente e, especialmente, o grau da apneia do sono o qual ele enfrenta.
Então, um paciente com apneia pode ser submetido a uma cirurgia bariátrica para que perca peso, já que isso é de grande influência para a apneia. Mas, também, é possível que, ainda com o peso ideal, ele tenha episódios de apneia.
Por isso, é possível que, mesmo com o peso ideal, a pessoa, após a cirurgia, continue enfrentando episódios de apneia. Muitos pacientes relatam a cura do distúrbio a partir da perda de peso, no entanto, não são exatamente uma regra, uma vez que a apneia também tem como causas a fisiologia e anatomia de cada um.
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